sexta-feira, setembro 22, 2017

A Sangue Frio - Truman Capote

Truman Capote levou alguns anos para escrever A Sangue Frio. Eu levei bem menos tempo para escrever este texto, porém só o fiz depois de, talvez, 10 anos. Começou ainda na URI, durante o projeto de literatura-cinema. Os alunos deveriam ler a obra e depois assistir algo relacionado ao livro retratado no cinema. Calhou assistir Capote, de 2005, dirigido por Bennett Miller com Philip Seymour Hoffman no papel do jornalista/escritor Truman Capote. A Sangue Frio conta a “história dos quatro membros da família Clutter, brutalmente assassinados, e dos dois criminosos, executados cinco anos depois”. A informação está na capa do livro. Spoiler alert pra quê? Já sabemos o que aconteceu e como terminou. Só que não é bem assim.
Ao ler o livro pela segunda vez, algo que dificilmente faço, fui prestando atenção a outros aspectos que passaram batidos na primeira vez. Na verdade minha memória não tem a capacidade alegada por Capote de “95%” de acurácia. Eu nunca testei e nem vou testar, tendo em vista que o motivo deste blog é para poder recordar o que li. Portanto, não lembro se prestei atenção a aspecto algum, porém nas últimas semanas, aí sim, fiquei intrigado com a escrita do texto. Fiquei pensando em como o jornalista conseguiu as entrevistas, como articulou as perguntas, como escolheu, das 8 mil páginas, aquelas que fariam parte da história, as que interessavam, que deixavam o texto fluido, que faziam sentido. Penso na maneira que ele dispôs os diálogos, as escolhas que fez para intercalar as histórias dos dois assassinos percorrendo as estradas, das pessoas da pequena cidade do interior do Kansas, dos Clutter, que seriam mortos. E ainda, quando eles são pegos pela polícia, das horas que ele passou conversando com os criminosos. Como ele conseguiu tudo aquilo? Está tão bem amarrado que fica difícil imaginar como alguém não inventou aquilo. Ao final da obra, podemos ler as críticas do “romance de não-ficção”, como cunhado por Capote para se referir a sua obra. E claro, elas se dirigem aos diálogos criados pelo romancista.

Inventadas, imaginadas, tiradas da boca das testemunhas reais, ou colocadas, posteriormente, as palavras têm todo o poder no jornalismo. Se uma imagem vale por mil palavras, não há imagem que possa despertar tantos sentimentos quanto uma história bem contada, recheada de palavras, como essa, contada por Truman Capote, que levou 6 anos para ficar pronta e ser publicada. E entrar para a história da literatura e do jornalismo.

Coloquei um pouco de movimento na edição para dar sensação de passagem de tempo

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