terça-feira, setembro 20, 2016

O Império do Sol – J.G. Ballard


Primeira manifestação: estou ouvindo Death Cab for Cutie; segunda manifestação: não consigo dormir neste momento, 00:58 de segunda-feira, resultado de um café duplo obtido enquanto jogava D&D com meus amigos no domingo à noite; terceira e última manifestação: escreverei sobre a obra O Império do Sol, de J.G. Ballard.
Primeira consideração: difícil achar conteúdo sobre o livro O Império do Sol, pois o filme adaptado do livro foi um grande sucesso de Spielberg.
Segunda consideração: sou um ocidental, criado na cultura ocidental sul americana do sul do Brasil, descendente de imigrantes italianos (embora muitas pessoas achem que sou descendente de alemães, por vários motivos) e que estudou sobre a II Guerra Mundial no ensino fundamental e um pouco no ensino médio pela perspectiva da devastação ocorrida na Europa, com os milhões de judeus mortos em campos de concentração, milhões de civis e combatentes europeus de diversas nações mortos na Europa, e, claro, sobre os ataques dos japoneses aos americanos em Pearl Harbor e a consequente morte pela bomba atômica e seus contínuos efeitos em Hiroshima e Nagazaki, realizada pelos bombardeiros americanos aos japoneses.
Terceira consideração: nem falei sobre nazismo, fascismo, aliados, manobras políticas, consequente guerra fria pós-guerra, dentre outras coisas; só quero destacar que em todos os meus estudos não lembrava de ter havido uma guerra dentro da China durante a II Guerra Mundial. Sério. Não lembro disso. Não posso culpar a educação recebida, devo culpar a mim por não ter pesquisado em livros sobre (internet nos anos 90/00 não era lá acessível a mim, era necessário ir à biblioteca e procurar livros). A obra conta a história do personagem principal, descendente de ingleses e que moravam na China, que é separado de seus pais em um ataque nesse país. Então, após percorrer de bicicleta uma Xangai em plena guerra de japoneses contra chineses, é detido em um campo de concentração pelos japoneses. Nesse ínterim, a história se desenvolve. O personagem fica confuso em muitos momentos: não se lembra da fisionomia de seus pais, fica fascinado pelos aviões, desejando até mesmo ser piloto, não sabe de qual lado está nessa guerra, convive com diferentes culturas enquanto recebe educação de certos personagens ingleses, embora não entenda o motivo dos ingleses serem como são, é removido do campo de concentração, contrai doenças, aprende a sobreviver, vê mortes, muitas mortes, muitas mortes mesmo, e quando está encurralado acreditando estar morto, acaba encontrado por um fantasma de suas lembranças, que o salva e o traz de volta a seus pais.
Quarta consideração: acho que essa é a mais relevante de todas as considerações. Vivemos, nós, humanos de 2016, século XXI, em um período crucial. Existem grupos radicais cada vez mais extremistas, parecidos com aqueles grupos nascidos nos berços da ignorância da II Guerra, que ameaçam de várias formas destruir o mundo em que vivemos. Existem também grandes grupos detentores da riqueza material que exploram o ser humano, exploram a natureza de forma tão violenta que ameaçam destruir o mesmo mundo em que vivemos em uma escala crescente, aproximando-nos de uma extinção até mais rápida do que aquela prevista pelas consequências de guerras atômicas. A obra escrita em 1984 parece não ter tanto efeito no ano de 2016. Parece que não nos importamos com nada, apenas com a opinião própria, e não aceitamos mudar. Claro, existem muitas correntes e muitas pessoas que estão buscando fazer a diferença. São como um grão de areia na praia, uma gota de água para apagar um incêndio na floresta, mas são, e é isso que os torna tão especiais.
Esse foi o segundo livro sobre lembranças da guerra vividas pelos autores que leio este ano. Mais uma vez, li sobre outra perspectiva, variando daquelas vistas na escola. Mais uma vez, sofri. Mais uma vez, entristeci com o presente e o futuro. Talvez daqui 32 anos não tenhamos mais livros como este para ler, nem alimentos para comer, nem mundo para viver... Basta apenas seguir como está e pronto. Parece apocalíptico escrever assim. Bem, leia um pouco sobre as guerras que estes autores passaram e perceberá que eles já viveram um cenário de apocalipse, sem anjos suficientes para salvar a todos.

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